As pessoas gritam nas ruas que o Sócrates se devia demitir, que o
governo tem que cair e a crise é do piorio e que o povinho é que paga.
Eu, votaria pela terceira vez no Sócrates.
A crise não é de agora, existe desde o 25 de Abril e o FMI já nos fez
uma visita na década de 80. Somos um país derrotista de tristes
coitados, que culpa insistentemente governos que foram colocados no
poleiro pela sua mão. Somos um país consumista, que acha que o que é bom
é o que veio de fora, que não sabe poupar nem viver com o que pode ter,
que prefere mostrar que tem e viver de dívidas, que em vez de arregaçar
as mangas e agarrar o trabalho prefere o emprego que não existe, porque
preferimos fechar os olhos ao que era feito no governo, ao que era
feito com os nossos impostos, desde que houvesse futebol, alguém pior
que nós ou até nos meterem a mão no bolso, porque permitimos tachos e
imprestáveis na função pública que mancharam (e mancham) o
sector, porque permitimos que um Primeiro Ministro que não fez
absolutamente nada pelo país, que todos queriam que fosse deposto, nos
representasse como Presidente da República por duas vezes e que em vez
de nos representar e apoiar, prefere aumentar o desconforto dos
investidores estrangeiros.
Por outro lado nunca houve tanto
combate à evasão fiscal, nunca houve tanto investimento na
investigação, nunca se desburocratizou tanto os serviços públicos, nunca
ninguém tinha tido coragem de exigir do Governo o mesmo esforço que
exigiu ao resto da população (bem que o Alberto João tentou o
contrário...).
A situação é simples: as dívidas foram
feitas, encheram os bolsos com fartura, agora, alguém tem que pagar.
Calhou ao Sócrates arranjar as moedinhas que pode e personificar o
"costas-largas" de múltiplos governos que não querem assumir a
responsabilidade pela situação actual. Votaria novamente no Sócrates,
porque quando seria tão mais fácil desistir, continua a assumir a
função, porque o Passos Coelho é um populista de trazer por casa, que
diz que faz isto e aquilo mas que na hora do vamos a ver, não é bem
assim, porque o Paulo Portas já lá esteve e foi o resultado que se viu,
porque não resta mais ninguém que assuma para si a função de levantar um
país na bancarrota, custe o que custar.
Algures no ano passado, escrevi isto.
Mantenho o que disse (quase tudo, vá. Se calhar teria votado n'Os Verdes).
(O
tema política está encerrado no tasco, até que haja um golpe de estado,
o Vítor Gaspar tenha uma apoplexia com a pressão de cumprir o défice ou
o mestre Manuel João Vieira seja eleito Presidente da República.)
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